sábado, 20 de agosto de 2016

O Timbre dos Hiwatt

Meu apreço pelos amplificadores Hiwatt começou quando eu e minha banda fomos ensaiar em uma sala diferente da que costumávamos alugar (a mais barata sempre) no estúdio. O habitual  Fender Frontman 212R, então, deu lugar ao Hiwatt G100R cujo som do canal clean não saiu de minha cabeça por vários dias.
A princípio achei que tinha gostado apenas por se tratar de um novo timbre, ao qual não estava acostumado, porém, mais alguns ensaios e a vontade de agendar um horário na sala só para tocar naquele amplificador novamente, mesmo que sem a banda, desmentiram a teoria. O Hiwatt G100R é, sem dúvida, um dos melhores amplificadores tranzistorizados no mercado brasileiro, os quais pretendo listar em um post no futuro.
Instigado por não conhecer, fui pesquisar um pouco sobre a Hiwatt e cheguei em nomes como Pete Townshend, David Gilmour, Martin Barre e Jimmy Page. Sempre fui fã dos timbres de Pete Townshend e David Gilmour porque ambos apresentavam um timbre bem britânico em seus amplificadores, porém não tão agressivos (em timbre né) quanto seus contemporâneos Jimmy Page, Eric Clapton (no Cream) ou George Harrison (nos Beatles). O timbre é mais comprimido/equilibrado e com mais punch de graves e agudos mais suaves e redondos. Acredito que muito disto tudo se resume (bem resumidamente) ao fato dos amplificadores Hiwatt ressaltarem mais os médio-graves que os médio-agudos em relação aos amplificadores Marshall e Vox, que, por sua vez, caracterizam o timbre britânico desta época. Tudo isso, porém, sem deixar de ter uma sonoridade britânica. 
Achei este vídeo no youtube comparando um Marshall e um Hiwatt que mostra um pouco desta diferença:

Isto tudo resulta no que tanto me agrada no timbre dos dois guitarristas em questão: 
- um punch inigualável no overdrive (sem ser muito agressivo), associado aos captadores P90 e o jeito de tocar de Pete Townshend (resumido no riff de Won't Get Fooled Again)
- um clean gordo e equilibrado, porém britânico (porque estes aspectos estão relacionados a amplificadores tipo Fender, geralmente), de David Gilmour, resumido nos solos de Shine On You Crazy Diamond.
É muito importante lembrar que parte da "receita" deste timbre se deve aos falantes. Arrisco dizer que, na verdade, a maior parte se deve a eles, pois acredito que os falantes são a parte mais importante no timbre de um amplificador (falarei mais disso futuramente). A importância dos falantes Fane (estes dos quais falo) desta época é tamanha que não só a própria marca continua produzindo para as caixas Hiwatt como também as duas outras linhas pra guitarra da marca (AXA e Medusa) são inspirados neles. Algumas das principais marcas do mundo também têm seus modelos baseados nos Fane: Eminence Tonker e Tonkerlite e Weber FC12.
Achei este vídeo no YouTube, que compara um falante vintage Fane com um WGS Reaper (uma versão do Celestion G12H,um dos maiores responsáveis pelo timbre Marshall das décadas de 60 e 70 junto ao o Celestion Greenback). Dá pra notar a proximidade que o Fender Bassman adquiri aos Hiwatt somente pela mudança do falante, e, consequentemente, na capacidade do falante de modificar o timbre de um amplificador:

A admiração pelos amplificadores Hiwatt, posteriormente, me levou aos pedais Catalinbread, os quais irei falar no próximo post. Então:

Nos vemos no próximo post!

Nenhum comentário:

Postar um comentário