Meu apreço pelos amplificadores Hiwatt
começou quando eu e minha banda fomos ensaiar em uma sala diferente da que
costumávamos alugar (a mais barata sempre) no estúdio. O habitual Fender
Frontman 212R, então, deu lugar ao Hiwatt G100R cujo som do canal clean não
saiu de minha cabeça por vários dias.
A princípio achei que tinha gostado apenas por se tratar de um
novo timbre, ao qual não estava acostumado, porém, mais alguns ensaios e a
vontade de agendar um horário na sala só para tocar naquele amplificador
novamente, mesmo que sem a banda, desmentiram a teoria. O Hiwatt G100R é, sem
dúvida, um dos melhores amplificadores tranzistorizados no mercado brasileiro,
os quais pretendo listar em um post no
futuro.
Instigado por não
conhecer, fui pesquisar um pouco sobre a Hiwatt e cheguei em nomes como Pete
Townshend, David Gilmour, Martin Barre e Jimmy Page. Sempre fui fã dos timbres
de Pete Townshend e David Gilmour porque ambos apresentavam um timbre bem
britânico em seus amplificadores, porém não tão agressivos (em timbre né)
quanto seus contemporâneos Jimmy Page, Eric Clapton (no Cream) ou George
Harrison (nos Beatles). O timbre é mais comprimido/equilibrado e com mais punch de graves e agudos mais suaves e redondos.
Acredito que muito disto tudo se resume (bem resumidamente) ao fato dos
amplificadores Hiwatt ressaltarem mais os médio-graves que os médio-agudos em
relação aos amplificadores Marshall e Vox, que, por sua vez, caracterizam o
timbre britânico desta época. Tudo isso, porém, sem deixar de ter uma sonoridade
britânica.
Achei este vídeo no youtube comparando um Marshall e um
Hiwatt que mostra um pouco desta diferença:
Isto tudo resulta no que tanto me agrada
no timbre dos dois guitarristas em questão:
- um punch inigualável
no overdrive (sem ser muito agressivo), associado aos captadores P90 e o jeito
de tocar de Pete Townshend (resumido no riff de Won't Get Fooled Again)
- um clean gordo
e equilibrado, porém britânico (porque estes aspectos estão relacionados a
amplificadores tipo Fender, geralmente), de David Gilmour, resumido nos solos
de Shine On You Crazy Diamond.
É muito importante lembrar que parte da "receita" deste
timbre se deve aos falantes. Arrisco dizer que, na verdade, a maior parte se
deve a eles, pois acredito que os falantes são a parte mais importante no
timbre de um amplificador (falarei mais disso futuramente). A importância dos
falantes Fane (estes dos quais falo) desta época é tamanha que não só a própria
marca continua produzindo para as caixas Hiwatt como também as duas outras
linhas pra guitarra da marca (AXA e Medusa) são inspirados neles. Algumas das principais
marcas do mundo também têm seus modelos baseados nos Fane: Eminence Tonker e Tonkerlite e Weber
FC12.
Achei este vídeo no YouTube, que compara um falante vintage Fane
com um WGS Reaper (uma versão do Celestion G12H,um dos maiores responsáveis
pelo timbre Marshall das décadas de 60 e 70 junto ao o Celestion Greenback). Dá
pra notar a proximidade que o Fender Bassman adquiri aos Hiwatt somente pela
mudança do falante, e, consequentemente, na capacidade do falante de modificar
o timbre de um amplificador:
A admiração pelos amplificadores Hiwatt, posteriormente, me levou
aos pedais Catalinbread, os quais irei falar no próximo post. Então:
Nos vemos no próximo post!
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