Olá pessoal, é com honra que eu trago
a vocês um jovem e grande guitarrista e “timbrista” do cenário paulistano: Éder
Martins.
Guitarra
Timbrada:
Éder, seu currículo é extenso tanto em
formação quanto em carreira. Nos fale da sua trajetória como estudante de
guitarra e como guitarrista.
Éder
Martins:
“O
interesse pela guitarra começou na adolescência: o meu irmão mais velho tocava
violão, daí quando ele não estava tocando eu pegava o violão escondido (rs) e foi
assim que aprendi a dedilhar os primeiros acordes. Ainda nessa época fiz
algumas aulas particulares com professores da minha cidade.
Alguns
anos depois entrei para o coral da cidade e comecei a estudar canto coral, depois
canto lírico e depois ingressei no CDMCC (Conservatório Musical Dr. Carlos de
Campos de Tatuí) agora sim no curso de Guitarra.
As
atividades que exercia profissionalmente nessa época era dar muitas aulas de
guitarra e violão, tocar e cantar numa banda de Heavy Metal, às vezes, fazia
também violão e voz pelos bares da região.
Depois
que saí do Conservatório, me mudei pra São Paulo, continuei minhas atividades
com aulas particulares e toquei em bandas de Rock, MPB e Psicodélicas.
Em
2009, um ano depois que vim pra São Paulo, formei a Banda Electric Hendrix Tribute
(Tributo à Jimi Hendrix). Atualmente, dou aulas particulares de guitarra, toco e/ou
acompanho nas bandas Tonico Reis, La Moustache e Chaiss na Mala, além da E.H.T,
claro.”
GT:
O projeto Jazz na Kombi ganhou muito
destaque no meio artístico jovem paulistano. De que forma você acha que o jazz se aproxima de suas raízes com este
projeto?
Éder
Martins:
“O
jazz, ao longo do tempo, teve seu movimento elitizado, onde só era possível
assisti-lo e apreciá-lo em grandes salas de concerto/Bares, a preços altíssimos
e consumido em maior parte pela burguesia, se esquecendo da sua origem: as
ruas, o gueto, a roça...que foi da onde surgiram os primeiros instrumentistas
que os concretizaram.
Com
o surgimento do jazz na Kombi e suas referentes bandas que participam, resgatou-se
o que foi plantado pelas raízes do jazz, ocupando ruas, praças, vielas,
favelas, e, melhor ainda, sem custo algum. Crianças, jovens e adultos
assistindo grandes concertos de grandes bandas da cena musical instrumental
paulistana, tanto de bandas novas quanto da velha guarda, além de artistas
internacionais consagrados.
Acho
que isso é o que concretiza a aproximação das minhas raízes: o resgate de um
movimento cultural e artístico priorizando a música negra e que tem de se
expandir mais e mais...”
GT:
O que você acha que mais aprendeu com
o Jazz na Kombi?
Éder Martins:
“Acho
que o reforço do espírito coletivo para realização de tal...e a troca de informações
obtidas com os músicos que participam, tanto com quem está executando quanto com quem está observando. Obs: e um
aprendizado grandioso.”
GT:
Quais são os guitarristas em que você
mais se inspira e por quê?
Éder Martins:
“Nossa!! São muitos (rs)... lá
vai: George Benson, John Mclaughlin, Wes Montgomery, Pat Metheny, Allan
Holdsworth, Joe Pass, John Scofield, Steve Vai, Jimi Hendrix, John Lee Hooker, George
Harrison, David Gilmour, Helio Delmiro, Ari Piassarollo, Kiko Loureiro, Mozart
Mello, Heraldo do Monte, Lanny Gordin, Pepeu Gomes, Tony Iommi, Fabio Leal, John
Petrucci e Toninho Horta... porque como
eu acostumei a escutar e a estuda-los,
são os principais que eu aciono em
processos de composição, mas pode ir além dos guitarristas citados. Escuto muitos
sons, barulhos, ruídos na rua e isso pode me influenciar também.”
GT:
Seus trabalhos vão muito além dos
citados, de que forma você acha que eles influenciam seu modo de tocar? Existe
algum exemplo (riff, dedilhado,
rítmico) desta(s) influência(s) no seu modo de tocar?
Éder Martins:
“Sim,
influenciam nas mais variadas formas de tocar, quer seja no timbre, quer na levada,
rítmica ou riffs e improvisos. Tem um exemplo de timbre na terceira faixa do
disco do Afrodisia, do Chaiss Quinteto, “Double Face”, principalmente lá pelos
2:58 onde começa o solo de guitarra. Acho que ficou bem próximo ao timbre de
guitarra do Allan Holdsworth. A faixa e o disco podem ser escutados no YouTube.”
GT:
Você acredita possuir alguma
“assinatura guitarrística”? Se sim, qual?
Éder Martins:
“Acredito
que sim. Acho que a voz transposta pra guitarra...a voz te expande em vários
horizontes na guitarra, seja nos fraseados ou nos acordes em aberturas e
inversões. Há quem diga que a guitarra é o instrumento mais próximo da voz.”
GT: Mudando para o assunto timbre, qual
o seu set de pedais (é fixo ou varia) e de que forma você os usa?
Érico Martins:
“Então,
alguns tempos atrás eu variava mais. No começo da E.H.T, por exemplo, eu usava
só a distorção do próprio amplificador com Wha Wha Cry Baby, e, às vezes, com
um fuzz e um delay também. Hoje eu uso um ME50, processador de efeitos da Boss,
e a forma que eu uso depende das bandas que toco. Algumas já deixo ele regulado
com os efeitos que utilizei nas gravações do disco, como nas músicas do Tonico
Reis, ou na la Moustache. Na E.H.T e no Chaiss na Mala, que são bandas mais
livres na questão de improviso, às vezes eu misturo um efeitos na hora e fica
bem louco. Na USP tem vários pássaros e eu queria reproduzir o efeito de algum
deles que ficam na praça do relógio. Consegui um som parecido num show da
E.H.T, totalmente de improviso na Boss, não programei nada...(rs)”
GT:
Qual (is) amplificador(es) você usa
(em casa e/ou apresentações) e o que gosta nele(s)?
Éder Martins:
“Em
casa um Peavey simples de 60W, mas pra estudar eu gosto mais de tocar com a
semi-acústica desligada sem amplificador ou efeitos. Gosto muito daquele timbre
do Joe Pass de alguns discos que ele gravou sem amplificador, só com a guitarra
microfonada. Em shows uso um Fender Frontman 212R, e, às vezes, um Orange Crush
60W. Do Fender, o que eu gosto mais é o timbre limpo, pois os efeitos são bem
fracos comparado aos Fender mais antigos. Do Orange eu gosto muito do som
crush, lógico que regulado no ganho, fica muito legal usar ele sem efeito, também.
A distorção do Orange também me agrada, misturado com outro efeito tipo chorus
que eu adoro! fica bem louco.”
GT:
Vi que você tem várias guitarras.
Quais são elas e o que gosta nelas?
Éder Martins:
“São
quatro: Snake Modelo Strato, Giannini Diamond, Condor Flying V (captadores trocados),
e uma strato Cort com captadores Fender Custom Shop 69. A Condor tem bastante
peso em relação ao som. Eu usava bastante ela na E.H.T afinada meio tom abaixo
e com distorção fica muito Power: as notas ressoam por muito tempo tanto melodicamente
quanto harmonicamente, e muito boa para feedbacks. Gosto muito do som limpo e
do braço dela também. A Cort também gosto muito do timbre para sons Hendrix e
algo mais funk e groove.”
GT:
Vi que você tem algumas guitarras
brasileiras vintage. De onde nasceu
esse interesse pelos instrumentos antigos?
“Exatamente,
tenho duas, a Snake 1960 e a Giannini Diamond 1968, pela paixão no som que
escuto desde moleque em bandas e timbres como: Beatles, Chuck Berry, Mutantes...
e muitas outras.”
GT:
Nos fale sobre eles, detalhes que você
gosta nelas e a história de como as adquiriu.
Éder Martins:
“A
Giannini Diamond é de 1968 e a Snake Modelo Strato é de 1960, essa última com captadores Gretsch. Gosto da
versatilidade de timbres, da pintura, do braço super confortável para a
execução. Comprei do meu
brother Rob que toca comigo e que era colecionador de guitarras vintage
brasileiras.”
Qual foi a sua apresentação favorita e
por quê?
Éder Martins:
“É
difícil lembrar (rs), mas uma delas foi na USP em 2012, na festa junina da FAU,
com a banda já extinta “Maria e os Treze”, e outra recentemente num bar na
augusta com a E.H.T. Acho que foram apresentações em que fomos além do
convencional na música.”
GT:
Para finalizar, Beatles ou Rolling Stones?
Éder Martins:
“Adoro
os dois, mas escolho Beatles, porque me acompanha desde moleque e sou
apaixonado pela música, estrutura das composições, timbres, produção, em que
cada audição é algo novo.”
Alguns trabalhos de Éder
Martins (inclusive os citados por ele) e com suas guitarras em ação:
Nos vemos no próximo post!
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