segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Os Principais Componentes no Timbre de uma Guitarra


O post de hoje é uma compilação de pesquisas minhas, sobretudo sonoras com vídeos do YouTube, 
sobre a influência de características das guitarras na determinação de seu timbre típico. O foco é entender quais são as características mais determinantes no timbre da guitarra, que, neste caso, decidi restringir às Fender e Gibson de corpo sólido, no intuito de minimizar as variáveis. As características analisadas são basicamente construção, hardware, captadores e madeiras, em ordem de relevância.

            1º - Junção do braço: esta foi a característica que considerei mais influente no timbre. Analisando guitarras das marcas Fano e Reverend que misturam as características de Gibson e Fender em seus modelos, aquelas que apresentam braço bolt­-on, por mais que apresentassem ponte tune-o-matic e/ou captação P90/humbucker e/ou corpo e braço em mogno (ou similar como korina) e/ou escala mais curta e/ou headstock angulado, todas características das Gibson, ainda possuem um timbre mais cristalino, transparente e brilhante das Fender. Um exemplos é a Fano SP6 uma Les Paul Junior (podendo ser toda em mogno com escala em rosewood, como a do vídeo abaixo) com braço bolt-on e ponte e captador da ponte de telecaster. Obviamente, fiquei restrito ao timbre do P90 do braço e é bem verdade que a ponte colabora muito na proximidade, mas, de qualquer forma, o timbre Fender predomina na posição braço também. Outro exemplo é a Reverend Double Agent, com captadores P90, ponte tune-o-matic, mas com braço bolt-on de maple, onde predomina a Fender novamente. 

Como timbre de guitarra não é uma ciência exata, não foram poucas as exceções, tal como a Revernd Charger HB, humbuckers, ponte tune-o-matic, corpo de korina e braço bolt-on em maple, cujo timbre está mais próximo de uma Gibson, e da Reverend Warhawk, captadores P90, ponte tune-o-matic, corpo de korina e braço de maple set-in com sonoridade mais Fender.



            2º - Captadores: considerados a alma das guitarras eles realmente fazem a diferença, sobretudo se compararmos tipos diferentes, tais como singles, P90 e humbuckers. Um exemplo é a da Reverend Charger HB citado acima. São uma boa ferramenta pra dar um timbre mais Gibson a sua Fender e vice-versa, mas não se sobrepõe à construção: uma Stratocaster com PAFs continuará soando como Stratocaster e uma Les Paul com singles como uma Les Paul (não faça isso), mas uma Stratocaster com captador da ponte de Telecaster vai te dar algo bem próximo da última. Um exemplo é o captador para Stratocaster chamado Twang Banger, da Seymour Duncan, que, assim como os captadores da ponte de Telecaster, possui uma chapa metálica de cobre em sua base:

            3º - Madeira do braço: motivo, na minha opinião, de algumas guitarras da/tipo Gibson poderem soar mais abertas e cristalinas, e que provavelmente, junto à captação P90 (que é invenção da Gibson mas que é single por definição), fez Revernd Warhawk soar mais Fender. Entretanto, em guitarras tipo Fender essa diferença é um tanto menor, basta ouvir diversas guitarras brasileiras de timbre semelhante que usam outras madeiras como Marfim e Imbuia.
            4º - Madeira da escala: enquanto a madeira do braço encontra-se numa zona entre média influência no timbre, a madeira da escala se encontra na de média-baixa influência, alterando sobretudo o ataque e a sustentação de uma faixa de frequências mais alta ou mais baixa, tomando como base as diferenças entre maple e rosewood. Esse vídeo mostra bem a diferença.

            5º - Madeira do corpo: tão polêmica, é, para mim, de influência baixa no timbre. Apesar de um falado estudo dizer que elas não influenciam, acredito que o primeiro se baseou muito mais no quesito de sustain do que no timbre especificamente, de forma que a diferença é perceptível mas menor que as demais citadas acima. Inúmeros são os exemplos de guitarras com corpos de outras madeiras que continuam soando como deveriam, entretanto a comparação de madeiras com características bem distintas evidencia que a madeira do corpo altera sim o timbre, como no vídeo do Érico Malagoli (da Malagoli Captadores).

Conclusões: fiquei com a impressão de que as guitarras tipo Gibson apresentam maior influência das madeiras na sonoridade. Acredito que a angulação do headstock, que promove maior pressão das cordas sobre o braço, e o fato do braço ser colado, que melhora a vibração do conjunto braço+corpo, tenham interferência direta neste fator. A ponte nas Fender, entretanto, parecem ser muito mais participativas no timbre do que a passiva tune-o-matic das Gibson: o bloco de aço da ponte das Stratocaster é determinante na transmissão de vibração das cordas pra guitarra e a chapa de metal da ponte das Telecaster tem forte interação magnética com o captador desta posição. Dessa forma, acredito que para uma guitarra tipo Fender, se ela não apresentar madeiras muito fora do espectro desejado (tal mogno que realça muito os médio-graves e oprimi os médio agudos), o investimento em uma boa ponte e bons captadores já te darão um resultado excelente. Madeiras brasileiras como jacarandá, pau-marfim, para substituir o maple, ipê, para substituir o ébano, pau-ferro, algo entre jacarandá e ébano, freijó e marupá, para substituir ash e alder, são excelentes pedidos, sobretudo quanto ao investimento e à procedência. O cedro é um caso à parte devido às polêmicas dos posts do Loucos Por Guitarra. Entendo que eles não gostem devido à deficiência em médio-agudos, talvez a faixa de frequência que é a “assinatura” das guitarras Fender, mas creio que a comparação com ash e alder seja um equívoco. O cedro tende a ressaltar os médio-graves, similarmente ao mogno, porém com menos intensidade, portanto ele deveria ser comparado justamente ao mogno, ou ser utilizado quando se procura algo mais equilibrado e menos brilhante nas Stratocaster e Telecaster. Este é um dos fatores, na minha opinião, que dá qualidade e personalidade às Giannini Stratossonic e Supersonic (as que usam corpo em cedro, claro): um timbre equilibrado sem abrir mão do cristalino e do ataque com captadores single.


            Como pode se ver, a influência dos componentes de uma guitarra no seu timbre está longe de ser algo fácil de se determinar e ainda mais utópico se formos considerar nossos diferentes gostos. Essa é a minha opinião nas pesquisas que tenho feito, qual a sua? 

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